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domingo, 8 de fevereiro de 2015

O CÍRCULO - 2000

Dayereh, 2000
Legendado, Jafar Panahi

Formato: AVI
Aúdio: Iraniano
Legenda: Pt-Br
Duração: 87 minutos
Tamanho: 700 Mb
Servidor: Mega (Parte única)



SINOPSE
Uma mulher acabou de dar à luz uma menina. Ela não sabe, mas ela e a filha já são indesejadas...Três mulheres são libertadas da prisão numa saída precária. A necessidade de dinheiro para fugirem vai obrigá-las a tomar medidas desesperadas...Sem identificação e sem um companheiro de viagem, uma jovem mulher é obrigada a suplicar e mentir só para comprar um bilhete de autocarro...Uma mulher solteira foge da prisão para fazer um aborto mas é rejeitada da casa do pai pelo trato violento dos irmãos...Os seus crimes são vagos, a sua culpa ou inocência sem importância. Os seus caminhos vão cruzar-se, o suspense das suas intrigas acentuar-se. Os começos e os fins são tragicamente similares. O seu mundo é um mundo de constante fiscalização, burocracia e desigualdades. Mas o mundo sufocante não consegue extinguir o espírito, força e coragem do círculo de mulheres.

The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 7.5


ANÁLISE

por Sérgio Vaz

O Círculo não tem propriamente uma trama. Retrata acontecimentos ao longo de um único dia, momentos de um dia na vida de diversas mulheres no Irã de hoje. Primeiro focaliza uma mulher que está num hospital onde sua filha está dando à luz; depois a abandona e focaliza, uma após outra, três mulheres que – saberemos bem mais tarde – estão saindo da prisão; depois de passar pela terceira delas, acompanha uma outra, que também esteve presa, é recebida em casa como uma pária, e sai à procura de uma amiga, enfermeira, porque precisa fazer um aborto; vai em frente nessa Ronda à la Max Ophüls e pega então uma pobre mulher que tenta se desfazer da filha que não tem condições de criar; e em seguida acompanha alguns momentos de uma última mulher que está sendo levada presa, não se sabe exatamente por que – possivelmente acusada de prostituição.

Uma ronda, uma quadrilha, uma trágica dança de roda, um círculo, que volta ao começo numa tomada que mostra uma pequena janela de porta de cela que se fecha, assim como no início da ação uma janela da porta da sala de cirurgia do hospital se fecha diante da mãe que vê a filha dando à luz uma menina. 

Nem seria preciso, mas Jafar Panahi realça ainda mais essa noção do círculo, da coisa viciada e apodrecida do princípio ao fim, com alguns momentos em que sua câmara – que ora fica bastante estática, ora caminha na mão atrás de suas tristes, trágicas personagens – faz movimentos de 360 graus em torno de si mesma.
“O sinal está fechado pra nós.” As portas estão todas fechadas para as mulheres naquela sociedade – é a primeira e mais óbvia leitura. As mulheres no Irã são seres inferiores, não têm vontade própria, são oprimidas por séculos e séculos de um machismo violentíssimo. Nada é permitido a elas, a não ser que algum macho – o pai, o marido – faça a gentileza de o consentir.

A gente sabe que as sociedades são machistas, e sabe que, na frente desse nojento campeonato para ver quem é mais medieval, quem é mais neandertal, estão, sem dúvida, os países muçulmanos. (E, evidentmente, nada a ver com a religião em si; o problema nunca é a fé, e sim o que os homens fazem com ela.) Uma coisa, no entanto, é ter a noção intelectual, distante, de um fato – outra é ver a arte demonstrando isso, com imagens fortíssimas, violentíssimas, de uma tristeza profunda.

E uma das coisas fantásticas neste filme maior é que o estilo do diretor Panahi, sua câmara, não são nunca explicitamente violentos. Ao contrário. Num mundo em que as câmaras se tornaram cada vez mais explícitas, seja para mostrar feridas, torturas, sexo, trasmutação de ser humano em vampiro, o que for, a câmara do iraniano Jafar Panahi é educada. Discreta. Desvia-se muitas vezes do pior. Por exemplo: Pari (Fereshteh Sadre Orafaiy, nas duas fotos abaixo), a mulher que saiu da prisão para ser expulsa da casa da família e sai à procura de alguém que a ajude a abortar, tem enjôos, como todas as grávidas. Em 99% dos filmes do atual cinemão americano ou europeu, a câmara explicita o jorro do vômito. A de Panahi, não; educadamente, discretamente, ela se desvia do óbvio.

Pouco antes, quando a jovem Nargess (Nargess Mamizadeh) tenta encontrar Pari, a câmara pára, estática, diante da porta do casebre; atrás da porta, Pari está sendo agredida, física e verbalmente, pelos homens da família. A câmara não precisa mostrar o óbvio.

Jafar Panahi sabe matar e cobra e mostrar o pau criando um clima enlouquecedoramente opressivo. Para criar um clima enlouquecedoramente opressivo, não é necessária a explicitude. A rigor (e esse conhecimento é antigo; estão aí os filmes do mestre Hitchcock para provar), a explicitude diminui, torna banal o que se quer mostrar e demonstrar; muito mais forte é o clima, se e quando o cineasta sabe criá-lo – e o iraniano Panahi sabe muitíssimo bem.

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