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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

ESPECIAL NOVA HOLLYWOOD

New Wave of Hollywood


Tendo crescido nos anos 70 e 80, fui desde logo exposto (por via da TV), ao cinema que se tornou característico do período que se viria a chamar a “Nova Hollywood”. Trata-se de um período de choque contra os mitos, os heróis, os géneros clássicos, os finais felizes e histórias de moral politicamente correcta. O mundo estava em transformação (segundo alguns a modernizar-se), e isso reflectia-se no cinema.
A preocupação principal dos novos autores de Hollywood, que sentiam agora um poder maior em relação aos estúdios, era mostrarem-nos o conflito de ideias, a irresolução de temas, e o pessimismo que abalava a sociedade. Hollywood era então assaltada por temas nunca antes pensados possíveis, a homossexualidade, a droga, o choque de gerações, a solução violenta, o medo da conspiração, a revolta contra o sistema.
É esse choque que aqui se pretende ilustrar com cerca de duas dezenas de filmes que marcaram o cinema de Hollywood que se fez entre o final dos anos 70 e dos anos 80 do século XX.

O Declínio do Studio System

Os anos 60 do século XX ficaram marcados em Hollywood como os anos do declínio do chamado “Studio System”, que durava desde os anos 20, e durante o qual os principais estúdios controlavam em absoluto todos os aspectos do cinema, desde a produção (contrato de actores e técnicos, propriedade dos estúdios e equipamentos), distribuição e exibição (detendo verdadeiras cadeias de salas de cinema por todo o país).
Começando no Caso Paramount, os tribunais começaram a ditar leis anti-trust em 1948, legislando contra os monopólios do cinema. Nos anos 60 foi a vez do advento do femómeno televisivo que começou a fazer as pessoas ficar em casa. Os principais estúdios (20th Century-Fox, Metro-Goldwyn-Mayer, Paramount Pictures, RKO Radio Pictures, Warner Bros, Universal Pictures, Columbia Pictures e United Artists) sentiram que algo tinha que mudar..
Como forma de fazer face ao declínio, os estúdios apostaram nas grandes produções com écrã alargado (como o Cinemascope), cores fortes (como a Technicolor), som stéreo e tentativas de 3D. Os musicais e os grandes épicos históricos tornaram-se moda, mas o resultado foi o encarecimento dos filmes sem uma garantia de retorno de público às salas de cinema, o que levou os grandes estúdios a ficar perto da falência.
Em 1969 filmes como “Easy Rider”, de Dennis Hopper e “Midnight Cowboy”, de John Schlesinger, surpreenderam Hollywood pelo sucesso obtido, embora fossem produções menores, entregues a realizadores desconhecidos. De um momento para o outro Hollywood percebeu que o futuro do seu cinema estava na nova geração, e nos temas por ela trazidos, onde pontificavam a contra-cultura dos anos 60, o revisionismo desta decorrente, e as influências do cinema independente e estrangeiro.

A Contra-cultura

A chamada contra-cultura americana dos anos 60 foi a cultura alternativa de uma juventude que cresceu no pós-guerra. Não tendo este artigo pretensões de a descrever em toda a sua complexidade, pode-se no entanto enumerar alguns dos pontos que a definem. Desde logo a música rock, com a explosão da Beatlemania, e todos os movimentos musicais daí decorrentes, que culminariam no famoso Festival de Woodstock em 1969. Ao mesmo tempo desenvolvia-se o movimento hippy e o psicadelismo, com os seus aspectos ligados à revolução sexual, liberdade de expressão, pacifismo, ambientalismo e consumo de drogas.
Com o protesto contra a guerra do Vietname, estes movimentos ganham uma expressão global nos Estados Unidos, unindo toda uma geração e marcando novas ideias e formas de estar. É a época de músicos como Bob Dylan, Joan Baez, John Lennon, Jimi Hendrix e The Doors; de comediantes como Lenny Bruce e George Carlin; de escritores como Allen Ginsberg (“Howl”) e Jack Kerouack (“On the Road”), ou artistas como Andy Warhol. Todos, de uma forma ou de outra, surgiam como um desafio à América tradicional.
É neste contexto que os citados “Easy Rider” e “Midnight Cowboy” são acolhidos, tornando-se desde logo bandeiras da nova geração.

O Revisionismo

Também o cinema é afectado por esta contra-cultura, ainda que a princípio sofrendo a resistência dos estúdios e dos seus ideais conservadores. Os primeiros efeitos desta contra-corrente podem talvez ser perceptíveis no revisionismo que atravessava alguns dos géneros clássicos de Hollywood.
Desde o mais sagrado dos géneros americanos, o Western, ao filme de guerra, e aos policiais, os temas deixavam de ser a glorificação dos heróis, na luta incorruptível contra o mal. Com “The Wild Bunch” de Sam Peckinpah e “Little Big Man” de Arthur Penn, de 1969 e 1970 respectivamente, o Western questionava a violência e o avanço do homem branco contra os nativos. Com “M*A*S*H” de Robert Altman e “Patton” de Franklin J. Schaffner, ambos de 1970, a guerra confundia-nos sobre bons e maus, questionando sobre o seu papel ulterior na história da humanidade. Com “Bonnie And Clyde” de Arthur Penn (1967) e “Dirty Harry” de Don Siegel (1971) o policial passava a lidar mais com a personalidade humana, que com a história de mistério, deixando no ar a ideia de que o mal pode triunfar, e a justiça por conta própria é uma solução.

A Film School Generation

A par desta nova leitura, a partir de realizadores da geração anterior, juntava-se a nova geração que não fora educada nos estúdios, não começara como actores, encenadores ou assistentes. Trata-se da chamada Film School Generation, a primeira geração de estudantes de cinema, na maior parte provenientes da USC (University of South California), UCLA (University of California, Los Angeles) e NYU (New York University).
Entre eles estão Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, George Lucas, Brian De Palma e John Milius. Distinguia-os um amor pelos clássicos (como D. W. Griffith, John Ford, Howard Hawks, Orson Welles e Alfred Hitchcock), mas também uma enorme admiração pelo cinema europeu como a Nouvelle Vague francesa (Truffaut e Goddard), o cinema de Michelangelo Antonioni ou de Akira Kurosawa. Era uma geração de estudiosos de diversas técnicas e estilos, ávida por experimentar, e por fazer tudo aquilo que nunca fora feito nos Estados Unidos. Iria aproveitar a renovação de nomes e aposta na juventude em Hollywood para um assalto ao poder.
O caminho não seria fácil, e começou no cinema independente, sob a inspiração de John Cassavetes, e o patrocínio de Roger Corman que ajudou a formar cineastas como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Ron Howard, Peter Bogdanovich, John Milius, Jonathan Demme e James Cameron. Os seus filmes foram chamando a atenção de Hollywood, e cedo os colocaram entre os mais famosos realizadores de sempre.

O cinema da New Wave of Hollywood

Com um tão vasto leque de correntes e personalidades, o cinema que surge do final dos anos 60 até cerca de 1980, e que aqui se vai tratar tem uma série de características comuns.
Em primeiro lugar o tom. Este é frequentemente pessimista e violento, focando os aspectos negativos da sociedade, não hesitando em mostrar como o mal triunfa. Tal pode surgir num filme de guerra como “Apocalypse Now”, na ficção científica mostrando-nos um futuro inquietante como em “A Clockwork Orange” ou num filme de gangsters como “Mean Streets”. Há ainda um maior ênfase no realismo das histórias, para o que contribui também o uso de filmagens no local. Em termos narrativos dá-se o recurso a enredos não resolvidos ou propositadamente deixados em aberto, com o intuito de nos provocar, chocar e deixar-nos em desconforto, como é o caso de “Deliverance” ou “One Flew Over The Cuckoo’s Nest”.
Quanto à temática, para além da já citada tendência revisionista, há uma busca de temas difíceis, de que são exemplo conspirações políticas como “The Parallax View” ou “All The President’s Men”. Cresce o sentido do anti-herói esquizofrénico ou psicopata, um desajustado que procura fazer justiça pelas próprias mãos, ou é vítima do sistema, como em “Taxi Driver” ou “Dog Day Afternoon”.
Mesmo o musical surge alterado, como veículo da contra-cultura como são exemplos “Hair” e “Jesus Christ Superstar”. O próprio filme de terror surge transformado, mais inquietante, cruel e psicológico, como em “Carrie”, “The Shining” ou “The Exorcist”.
Em termos de forma assiste-se a um maior uso da narrativa não linear de influência europeia, e ao declínio da banda sonora de orquestra, produzida para o filme, em favor de novas tendências musicais (rock, psicadelismo, jazz, funk) associadas às novas gerações. O ritmo torna-se mais acelerado e a acção predominante.

O fim da New Hollywood

Refere-se vulgarmente o enorme prejuizo do filme “Heaven’s Gate” de Michael Cimino (1980) como o final da era aqui descrita. O resultado foi o fim da United Artists (vendida à MGM, que a ressuscitaria mais tarde). De repente os estúdios perceberam que era tempo de limitar a liberdade dada aos realizadores da geração de Coppola, Bogdanovich, Cimino, Scorsese, etc. e voltar a exercer um controlo forte como na era dourada de Hollywood.
A aposta foi então no lucro fácil, sugerido pelos filmes que se tornaram os maiores sucessos comerciais dos anos 70. E estes foram a saga “The Godfather” de Coppola, “Jaws” de Spielberg e a série “Star Wars” de George Lucas. Assim, ironicamente, a Film School Generation criava o blockbuster, e matava a New Hollywood Era que ajudara a criar.
Estava aberto o caminho a um novo cinema de grande aventura, heróis clássicos, vastos orçamentos e temas para toda a família, que iriam dominar a agenda de Hollywood nas décadas seguintes.
Análise retirada do site ajanelaencantada

Um comentário:

  1. Essa geração é a primeira coisa que me vem à cabeça quando penso em cinema.São filmes fascinantes,fortes,marcantes.Aliás não só os americanos.Mas essa decada é prazerosa demais.

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