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sexta-feira, 9 de março de 2012

TEMPOS DE LOBO - 2003

Le temps du loup, 2003
Legendado, Michael Haneke
Classificação: Bom

Formato: AVI
Áudio: francês
Legendas: Pt-Br
Duração: 113 min.
Tamanho: 700 MB
Servidor: 1Fichier (Parte única)

LINK

SINOPSE
Quando Ana, a filha adolescente e o filho de 12 anos chegam para passar um feriado num sítio, encontram-no ocupado por estranhos que se recusam a sair do lugar. Procuram ajuda com os vizinhos, mas eles não podem confiar em mais ninguém: toda a sociedade, de uma hora para outra, perdeu os valores da civilização, viraram nômades e podem atacá-los a qualquer momento. Sem comida e nem água, no meio da noite, mãe e filhos tentam encontrar abrigo e acabam por encontrar um rapaz que sobrevive de restos de cadáveres. Continuando a jornada tétrica, eles seguem por uma linha de trem e chegam a uma estação onde um grupo espera por um hipotético trem. Mesmo com a dignidade perdida, algumas pessoas têm sensibilidade para a poesia e o amor.

Fonte: Filmow
The Internet Movie Database: IMDB - NOTA IMDB: 6.6


ANÁLISE

A ficha técnica de Tempos de Lobo é exibida em silêncio. O procedimento, aparentemente banal, é importante, pois age sobre o espectador como um ritual fúnebre destinado a romper com as sensações do mundo real antes de se entrar em uma fabulação sombria sobre o fim de um determinado mundo (mais que "do mundo"). Que mundo é esse? A civilização européia. Quase todos os filmes de Michael Haneke tratam desse fim europeu. Mostram a degradação violenta de um padrão e de um projeto. Nos anteriores, o tema era aludido, estava por trás das ações, reações e relações dos personagens-símbolos. Em Tempos de Lobo, tudo está explícito. Haneke filma esse mundo em ruínas e o embrutecimento das pessoas por meio da perambulação de uma mulher "recém-enviuvada" e seus dois filhos. Eles procuram ajuda em uma zona rural sob névoas e afetada por falta de água e comida. Encontram apenas uma comunidade que, em busca de solução para o caos, na verdade apenas o evidenciam mais. Em determinado momento, alguém pergunta a outro alguém? "Você é de onde?" Resposta: "Que diferença faz?". Nenhuma. Todos são refugiados. Não importa origem ou classe social. Naquele universo multinacional, todos estão na lama, e até o novo europeu, um menino, projeção da Europa das novas fronteiras, da nova moeda e das novas ambições, apenas vê tudo em silêncio. E não vê à frente. Impotência.

Embora possa parecer disparatada, a visão de Haneke é próxima da de Danny Boyle, outro cineasta que, em registro diferente, mostra a implosão de um projeto de sociedade. Nos dois casos, algo está evidenciado: o homem é um produto histórico-cultural, mas também é um animal nem sempre domável. Em determinadas circunstâncias, joga fora seu aprendizado social. Boyle parte dessa abordagem para fazer espetáculo. O desastre fica agradável de ver. Haneke propõe exasperação. Esforça-se para desagradar porque, crê, não há nada agradável para se mostrar. Tempos de Lobo, nesse sentido, é bastante hanekiano. Na desordem da nova ordem, reina a barbárie. Mata-se, rouba-se. Há intolerância. Tenta-se agir em grupo, mas, como não se entra em acordo sobre a estratégia da ação, a convivência é pura tensão. E não há nenhuma esperança, do início ao final, em relação a melhores tempos. Ao contrário. O desfecho, de aparência otimista, como a acenar com uma possibilidade de solidariedade na desgraça, é cínico à beça e apenas ressalta o ceticismo. Esse é o ponto de vista do cineasta sobre os europeus. Concorde-se ou não, é a visão dele, fruto de sua vivência, de sua cultura, de seu ambiente. Resta nos ver como ele a transforma em estética e conflitos. Pois é. Sua fragilidade está em expor suas idéias sem convertê-las em imagens poderosas. Eduardo Valente acredita que o filme decepciona a todos: tanto aos admiradores de Haneke como quem não o topa. Pode ser. Em relação a Violência Gratuita e Professora de Piano, por exemplo,Tempos de Lobo é cinematograficamente anêmico. Um bocejo.

Naqueles dois filmes, apesar do distanciamento em relação aos personagens e do desprezo revoltado contra a desordem, marcas de seu cinema, Haneke mostrava suas garras. Era capaz de arranhar as sensações do espectador, perturbar o olhar e criar situações tremendamente desagradáveis, sem no entanto explicitar nada, pois movido pelo poder da sugestão. Em Tempos de Lobo, não há nada disso. Pouca tensão, pouca manipulação. Haneke parece ter resolvido criar uma distância ainda maior dos personagens para expor com ainda mais revolta seu desprezo por toda aquela decadência em vias de chegar a um definitivo fundo do poço. Não só tematiza a letargia diante da queda como a reproduz. Pode ser coerência artística, mas resulta em impotência. No entanto, em uma sequência, na qual joga com a incapacidade do espectador de chocar-se com o sofrimento humano, mostra-se brilhante. Filma em primeiro plano o pescoço de um cavalo sendo cortado. 


Reação inevitável: na sessão de 20 de outubro, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, alguém gritou. Dava até para ouvir o diretor rindo da eficácia de seu golpe. Gente passando fome e devorando-se uns aos outros é suportável, faz parte. Cavalo morrendo, não. Haneke diz pela imagem que, como nada mais choca ninguém, ali teve de apelar. É sua forma de clamar por ordem e civilidade em um mundo onde para ele isso é só utopia.


Análise retirada do site Contracampo


ENTREVISTA AO REALIZADOR

A que se refere o título do filme?
Tirei-o do “Codex Regius”, o mais antigo poema alemão e mais precisamente do “Song of the Sightseer”, que descreve um tempo antes do “Ragnarök”, o fim do mundo.
O que é perturbador em O Tempo do Lobo é que o material narrativo pertence à ficção científica, mas o filme não se parece nada com esse género. Não há nenhuma semelhança com a “fantasia”, com algo que seja futurista. O que permanece é o “aqui e agora”, o presente puro.
Penso que na nossa sociedade, todas as pessoas já pensaram, em determinada altura, numa grande catástrofe. Nem é preciso ver televisão todos os dias para isso. Fosse uma guerra, um acto terrorista, uma catástrofe ecológica ou cósmica não mudaria muito. Isso não é importante. A única questão é: “Qual será a minha reacção e qual a do meu vizinho?”. O que faremos para enfrentar uma mudança tão grande? O quão rijo é o verniz da nossa sociedade? Até que ponto os nossos valores aguentam? Como nos vamos comportar com os outros num caso destes? Foi isso que quis explorar em O TEMPO DO LOBO. Quis fazer um filme limpo dos aspectos espectaculares do género “filme catástrofe”.
Esta situação existencial extrema é um motivo recorrente nos seus filmes. Sempre tratou essas situações como se fossem situações de todos os dias, evidentes, banais.
Quando as situações extremas são mostradas no cinema podemos cair facilmente no exagero. Este exagero pode torná-las implausíveis.
É isso que se deve evitar. Por isso o realizador tem de pensar nos meios narrativos que usa para basear a plausibilidade da história. Isto significa que tudo o que estiver para além da experiência dos espectadores incita a uma consideração da história como simples entretenimento e afasta-os do filme. A melhor e mais segura forma de evitar isto é a precisão.

O TEMPO DO LOBO NÃO SE PASSA ESPECIFICAMENTE EM NENHUM LUGAR OU TEMPO. É UM FILME SOBRE A EUROPA? OU ATÉ ISTO QUIS QUE FOSSE INCERTO?
Nunca pensei nisso. Quis que a situação acontecesse num ambiente familiar – meu e dos espectadores – para aumentar o potencial da identificação. Concordo que esta situação modelo fosse diferente noutra situação social ou climática. Como todos os meus filmes, a história fala do nosso mundo hiper-industrializado, da sociedade do supérfluo, e das pessoas que conseguem viver confortavelmente nas conveniências desse mundo. Só posso falar sobre estas coisas porque fazem parte do domínio da minha experiência. Tudo o que vai além deste contexto é do domínio do exotismo.

UMA QUESTÃO MUITO SIMPLES: O SEU FILME TEM PREOCUPAÇÕES SOCIAIS?
Não tenho uma mensagem para enviar, nem uma fórmula para resolver o problema apresentado. O filme não é didáctico. É uma tentativa para transpor coisas que observei e jogar com as possibilidades dramáticas da questão colocada. Se vê uma preocupação social como uma tentativa de perceber o outro como alguém que deve ser levado a sério, isso não me incomoda. Mas espero que as situações representadas sejam complexas o suficiente para não serem reduzidas a clichés.



entrevista por Stefan Grissemann



























































































































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